Santa Eulália é santa da minha devoção. Virgem e mártir, só poderia ser.
Pelo rasto que tem deixado no mundo, é santa para preces e óptima para nomes de terras. Só em Portugal descobri dez freguesias e uma aldeia com nome tão sacro. Está por isso mais que justificada esta minha veneração.
Em tempos tive uma conversa com a de Merida, mas creio que não me entendeu. Até me esforcei, garanto. Mas ela hablava outra linguagem, que é mais ou menos como os do ministério da minha madre superiora. Por mais que lhe mostremos os padecimentos, fecham-se em altares ou em copas e mal damos por ela sai uma lei que só os santos poderão apreender. Ora para santa faltam-me mais kms que de Goa a Santiago de Compostela. Por isso amanhã continuo na pregação, que é a minha incumbência de missionária.
Entretanto, já me disseram que a de Barcelona é igualmente milagreira. Tenho de lá ir com urgência para ver se a convenço a sussurrar bom senso, humildade, mais juizinho e uns sermões coerentes à madre superiora
Eu prossigo nas rezas, suplicando misericórdia. Basta ver os periódicos, se somos gente informada, ou se somos masoquistas ver os telejornais.
Vou acender mais uma velinha, que hoje é dia de cantilena, não a do século IX, da dita santa, mas uma cantiga suave, monótona e depois de mais umas cenas lá no claustro do convento, o mais profana possível.
(Em recolhimento, e com muitos e puros pensamentos hoje, os meus agradecimentos aí à santa que me comenta. Tens razão, minha! Sei que tás solidária )